Xenofobia e racismo são dois conceitos diferentes mas que muitas vezes se traduzem em atitudes semelhantes de discriminação em relação a alguém. A xenofobia está direcionada para alguém que vem de outro país, mesmo que seja da mesma etnia. Por outro lado, o racismo é a discriminação fundamentada na existência de uma raça superior às outras.
ra·cis·mo
(raça + -ismo)
substantivo masculino
1. Teoria que defende a superioridade de um grupo sobre outros, baseada num conceito de raça, preconizando, particularmente, a separação destes dentro de um país (segregação racial) ou mesmo visando o extermínio de uma minoria.
2. Atitude hostil ou discriminatória em relação a um grupo de pessoas com características diferentes, nomeadamente etnia, religião, cultura, etc.
Palavras relacionadas: anti-racismo, racista, anti-racista.
"racismo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013 https://www.priberam.pt/dlpo/racismo [consultado em 18-09-2017]
xe·no·fo·bi·a
(xeno- + -fobia)
substantivo feminino
Aversão aos estrangeiros, ao que vem do estrangeiro ou ao que é estranho ou menos comum. = XENOFOBISMO
Ver também dúvida linguística: pronúncia de xenofobia.
Palavras relacionadas: xenofobismo, xenofóbico, anti-islâmico, xenófobo.
"xenofobia", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/xenofobia [consult. em 18-09-2017].
O RACISMO NAS ENCICLOPÉDIAS
O RACISMO, discriminação de povos ou pessoas com base no preconceito da sua inferioridade, tem sido, ao longo dos séculos, parte integrante das mais diversas ideologias e formas de organização social. Esteve, por exemplo, na base da escravatura em muitas civilizações, das judiarias no nosso país, da perseguição conduzida por Adolf Hitler a judeus, ciganos e outros povos, e levada a cabo pelo Terceiro Reich, do apartheid sul-africano, etc. Ainda hoje, os preconceitos de raça, se bem que não marquem a estrutura da maior parte das sociedades, manifestam-se de formas variadas em muitas partes do globo.
O racismo tem sido justificado de muitas maneiras: na maior parte das vezes, pela ideia de que certos povos são intelectualmente inferiores ou bárbaros (porque apresentam costumes diferentes, seguem outras religiões, etc.) ou com base em nacionalismos que veem na sujeição ou rejeição do outro (xenofobia) a defesa do seu próprio modo de vida. No mundo ocidental, o sentimento antijudaico (cuja expressão maior foi o Holocausto nazi) tem a particularidade de se centrar na (suposta) perversidade, e não na inferioridade, dos Judeus, a pretexto da condenação de Cristo, narrada na Bíblia. Para muito autores, tudo isto são manifestações de um etnocentrismo (quando não de fanatismo) que vê tudo à medida de uma determinada cultura, sem compreensão nem tolerância para com as culturas diferentes.
Nas épocas Moderna e Contemporânea foram dados importantes passos na luta contra o racismo. Os contactos entre diferentes povos e culturas intensificaram-se, com cada vez maior abertura e conhecimento de parte a parte. O século XIX assistiu à abolição da escravatura numa série de países e a luta contra a discriminação racial tem envolvido personalidades tão destacadas como Martin Luther King e Nelson Mandela, registando progressos significativos.
O racismo vai contra os princípios da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, que afirma a igualdade de todas as pessoas.
A 21 de março, comemora-se o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial.
Como referenciar: racismo in Artigos de apoio Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2017. [consult. 2017-09-18 16:58:25].
Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$racismo
A XENOFOBIA
TAL COMO A DEFINE UMA ENCICLOPÉDIA
A XENOFOBIA é um medo excessivo, descontrolado e desmedido em relação a pessoas estranhas, com as quais nós habitualmente não contactamos. O medo é uma resposta normal ao perigo ou ameaça. A intensidade dessa resposta varia de acordo com as diferentes situações e as diferentes pessoas.
Esta doença insere-se no grupo das perturbações fóbicas e, dentro deste grupo, é considerada uma fobia específica. Estas fobias são caracterizadas por ansiedade clinicamente significativa provocada pela exposição a uma situação ou objeto temido (neste caso são as pessoas estranhas ao doente), que frequentemente conduz a um comportamento de evitamento.
As pessoas que apresentam este medo persistente, irracional, excessivo e reconhecido como tal, tendem a evitar o contacto com estranhos uma vez que esta situação lhes provoca extrema angustia, ansiedade, aumento da tensão arterial e da frequência cardíaca. Nos casos mais graves podem, inclusive, ter um ataque de pânico. O evitamento, antecipação ansiosa ou mal-estar em relação à situação temida, interfere significativamente com as rotinas normais da pessoa, funcionamento ocupacional, relacionamentos e atividades sociais desenvolvidas.
A presença deste tipo de fobia nas pessoas está habitualmente relacionada com acontecimentos traumáticos que envolvem o objeto ou situação fóbica e/ou fatores psicossociais.
Para o tratamento da xenofobia são normalmente utilizados os métodos da terapia comportamental. O principal princípio desta terapia no que concerne às fobias, é o da exposição ao objeto ou situação fóbica. No caso particular da xenofobia, será a exposição do doente a pessoas estranhas. Assim sendo, o sujeito vai descobrir que tal situação aterrorizadora não representa qualquer perigo ou ameaça como ele imaginava. Para ser possível este tipo de encontros, o sujeito vai aprender determinadas técnicas para lidar com a ansiedade ou angústia que sente em relação ao encontro com pessoas desconhecidas. De todos os métodos comportamentais, a dessensibilização sistemática parece ser o que melhor resulta no tratamento da xenofobia, uma vez que a exposição à situação ou objeto fóbico é gradual.
A técnica de dessensibilização sistemática foi desenvolvida entre 1952 e 1958 por Joseph Wolpe (psiquiatra sul-africano defensor da terapia do comportamento). O doente, durante um estado de relaxamento físico, vai imaginar uma hierarquia de situações que lhe provoca ansiedade, com o objetivo de familiarizar-se com elas e, ao mesmo tempo, com a finalidade da diminuição das respostas ansiosas.
Este tipo de perturbação fóbica habitualmente implica o desenvolvimento de crenças irracionais, pelo que também é recomendado que se busquem estratégias cognitivas que trabalhem tais crenças.
Em alguns casos mais graves é habitual a administração de medicamentos que tenham por objetivo principal a diminuição da ansiedade extrema, uma vez que esta impede que se realizem as sessões terapêuticas de uma forma eficaz.
Como referenciar: xenofobia in Artigos de apoio Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2017. [consult. 2017-09-18 16:59:00].
Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$xenofobia
Para concluir...
O racismo é a doutrina que defende que há etnias superiores a outras; é também o preconceito que leva a ver como inferiores os indivíduos de etnia diferente.
A xenofobia é, etimologicamente, «a aversão aos estrangeiros», do grego 'xénos', «estrangeiro», e 'phóbos', «temor» (cf. Dicionário Houaiss). Ser xenófobo teria aparentemente uma dimensão mais emocional, mas na prática acaba por se confundir com racista, dado que ambos os termos têm em comum a ideia de «preconceito». Esta é claramente oposta à de «razão» ou «racionalidade», até pela sua própria etimologia: trata-se de um conteúdo mental que ainda não chegou à elaboração de um «conceito».
A formação de preconceito é disso ilustrativa: trata-se de um derivado, formado por pré- e conceito, ou seja, interpretável como «anterior ao conceito» ou anterior a todo o exame crítico que conduz ao verdadeiro conceito.
Em: https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/idioma/que-nos-contam-as-palavras-racismo-e-xenofobia/4263 [Consultado em 24-09.2019]
Todas estas questões, nomeadamente o racismo e a xenofobia, têm vindo a colocar-se cada vez mais na ordem do dia face ao fluxo de refugiados provenientes da Síria, do Iraque, e também de África que se dirigem à Europa, sobretudo aos países mais ricos do norte do nosso continente, fugindo da guerra e da pobreza, tendo frequentemente sido vítimas de naufrágios no Mediterrâneo, da exploração de indivíduos e grupos que praticam tráfico humano, e ainda da recusa de alguns países em recebê-los.
Conclusões finais
As transformações na educação levam tempo a surtir efeitos e é urgente quebrar o círculo vicioso da exclusão das minorias étnicas “racializadas”. Devido à centralidade do trabalho na vida contemporânea, é essencial garantir a plena integração dos imigrantes e das minorias, nomeadamente os ciganos, no mercado de trabalho formal.
É importante reforçar os mecanismos dissuasores da discriminação racial de modo a que não se crie, por um lado, a ideia de que atos racistas podem ficar impunes e, por outro, entre as vítimas de discriminação, a ideia de que não vale a pena recorrer aos mecanismos de proteção legal devido à sua ineficácia.
A grande operação policial contra os grupos de extrema-direita que difundem mensagens de ódio racial contra judeus, árabes e imigrantes foi um passo certo, na medida em que toda a vigilância contra as formas extremas de racismo é pouca. No entanto, não é esta hoje a forma mais comum de discriminação racial.
Após a segunda guerra mundial e a revelação dos crimes nazis contra ciganos, judeus e outros grupos, a condenação generalizada dos ideais de supremacia racial levou a uma diminuição no espaço público das afirmações abertas de superioridade racial, prevalecendo assim o que na literatura se chama a norma anti-racista. Isto não significa que tenha acabado a inferiorização de grupos, mas agora esta inferiorização apresenta-se de forma mais subtil, acentuando as diferenças culturais e atribuindo aos grupos inferiorizados características culturais menos valorizadas. O tipo de discriminação que resulta é menos a violência racial do skinhead e mais a discriminação quotidiana no emprego, na habitação, na educação, que raramente se assume como racista. Acabar com esta forma de menorizar e inferiorizar grupos inteiros de seres humanos é uma tarefa essencial de qualquer agenda igualitária. Porém, primeiro temos de ter a coragem de assumir que ela existe e substituir a verdade incómoda de que o inimigo está entre nós pela mentira reconfortante que insistimos em acreditar.
Bibliografia:
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013 https://www.priberam.pt/dlpo/
Ciberdúvidas da língua portuguesa
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/idioma/que-nos-contam-as-palavras-racismo-e-xenofobia/4263
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