terça-feira, 24 de maio de 2016

Divórcio



Divórcio


   Os meus pais são divorciados, faz em agosto quatro anos. Pode parecer algo simples, mas não é.
   Lembro-me desse dia. O meu avô tem uma casa grande no Magoito, da qual o meu pai gosta muito. Nesse fim de semana, o meu pai havia ficado fora, tinha ido para lá, pensar.
   Não me lembro bem como, mas eu sabia que havia algo errado.
   Passei o dia com dores de barriga, nervos. Não era confortável, eu era criança, tinha nove anos e a sensação não era boa.
   O meu pai chegou a casa, pela tarde. Ele passou pelo quarto onde dorme ainda hoje, encontrou-me na cama, enrolada como uma pequena bola, pelas dores. Fiz-lhe uma pergunta sobre uma possível separação entre ele e a mamã, mas não obtive resposta.
   O jantar foi algo constrangedor e silencioso, mas não queria que acabasse, pois o pior estava para vir.
   No fim do jantar, desligou-se a televisão e conversámos. Chorei. Chorei durante horas e, por uma semana, todos os dias me trancava na casa de banho para chorar.
   Não foi fácil na altura, eu chorei muito. Hoje em dia não me faz diferença. Tenho guarda partilhada, o que me permite ver e interagir com os dois da mesma forma.
   A minha família aumentou, tenho mais um pai, que tem uma filha, e tenho uma madrasta, que tem duas filhas e um neto.
  Isto mudou-me muito, fez-me crescer e aprender.

Carolina Antunes

7ºC

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns pelo texto, Carolina!